sexta-feira, 27 de março de 2015

Perfil Online

A "escola da vida" acaba ensinado mais do que a gente está disposta a aprender. Não importa o momento, as dificuldades, o caminho percorrido, pois o que importa de verdade é o que se aprende durante o percurso. Alguns teimam em seguir em frente, outros ficam estacionados na beira da estrada. E há aqueles que sem qualquer constrangimento, preferem voltar ao ponto de partida.

Entendi isso poucos instante ao ler um palavrão numa página de rede social, que num momento de raiva a pessoa deve ter destinado a alguém. Contrariando o bom senso a pessoa repetiu a ofensa diversas vezes, na intensão de humilhar e mostrar pra todo mundo que não tem um pingo de vergonha ou de respeito. Tem gente que perde a paciência muito rápido, fica nervosa e a boca vira literalmente um "sepulcro aberto" em frações de segundo. Não sei se é porque não tem ideia do que está por vir, num futuro próximo ou se a pessoa se acha inatingível.

A rede social em questão não é apenas uma página online para expor tudo quanto é porcaria que a gente acha importante, mas hoje em dia tornou-se um portal para se conhecer totalmente o perfil do usuário. Uma postagem dessas pode muito bem prejudicar o "currículo" da pessoa e impedir o acesso numa boa empresa, naquele emprego dos sonhos e até mesmo afastar amigos e familiares. Nem sempre um "fod...-se bem dado" é o caminho para a felicidade ou auto realização. Sinceramente nem precisa comentar que "o que se faz aqui, aqui se paga" ou que lá na frente "se colhe os frutos que plantou" - #ficadica

Sinceramente, dá até vergonha de ter determinadas pessoas como amigos em redes sociais devido que se é exposto diariamente. Parece que ninguém mais quer "filtrar" nem mesmo os pensamentos e digita impropérios como se estivesse jogando flores numa passarela. E olha que já tive mesmo que deletar alguns... Não que eu queira ditar regras, mandar na página da pessoa, escolher o que ela deve ou não publicar, mas eu penso que todo mundo devia acionar o "Simancol" de vez em quando. E depois a gente tem aturar lamurias e choradeiras daqueles que sentem que ninguém mais curte suas baboseiras... Acho ridículo abrir minha página e encontrar a seguinte publicação: "Acordei..." - Eu me pergunto: E daí? A menos que esse "acordei" venha acompanhado de uma imagem linda do amanhecer, seja o título de um poema, um artigo tipo: Acordei para a vida!


Enfim, o Perfil Online diz muito a respeito da pessoa, qualidades ou defeitos, seus contatos, interesses e realizações. Não é apenas um álbum de fotos, um diário, um local para dessocialização... E tem gente preocupada em quem vai olhar o seu perfil, alguns só tem interesse nos amigos. O meu é aberto ao público em geral. Não tenho nada a esconder. Gosto de textos autênticos, intrigantes, que obrigue o leitor a pensar.

Então, na hora de publicar algo numa rede social pense que alguém vai amar, odiar, discordar, deletar ou compartilhar suas ideias e interesses. Seja moderado nas palavras, insista em elogios e coisas do gênero. Cuidado com aquelas "ideias fixas", ou aquela mania de perseguição, a troca de impropérios que mancham a sua imagem. Filtre suas publicações e invista em você mesmo. Nunca se sabe quando uma boa oportunidade pode aparecer...


Marion Vaz

quinta-feira, 12 de março de 2015

O que eu vejo...



Da janela não vejo nada. Somente uma parede branca. Um branco fosco, sem qualquer ideia das demais cores. De vez em quando, ouço o som de um pássaro que voa de cá pra lá. Não vejo pessoas, nem plantas, nem vida. Acima de mim um vazio azul pincelado de nuvens brancas. Às vezes, sinto o calor do sol que invade o ambiente. Mas nada além disso. Às vezes chove. Chove tanto que os vidros das janelas ficam embaçados.

No chão, quatro andares abaixo, pessoas ligeiras em seus passos, vão e vem, obstinadas em seu caminho. Do alto, contemplo janelas ocultas em cortinas coloridas, fechadas o tempo inteiro. Não ouço buzinas de carros como nas ruas da cidade.  Então me sinto só também.

Que bom seria andar descalço, correr, pular, dançar... Às vezes, faço isso em minha imaginação, pois não posso incomodar o vizinho do andar de baixo. Ando em silêncio, como se pisasse em ovos, cuidando para não ser inconveniente. Aqui não se arrastam móveis, não pode cair tampa de panela no chão.

Mas aqui se sabe quando a vizinha de salto alto chega tarde da noite, a hora certa que alguém usa o chuveiro. Aqui se ouve até a vassoura varrendo o chão, no andar de cima, a porta que bate, o choro de uma criança... De uma das janelas também posso ver o por do sol e seus raios se escondendo atrás da casa na outra rua.

Assim, se vive, se vegeta, nos apartamentos de um condomínio. À portas fechadas, vidas trancadas em pequenos cômodos. Subindo e descendo os degraus da escada e limitando a comunicação em "bom dia" ou "boa noite". Estranhos que só se veem nos estacionamentos ou nas reuniões de condomínio.

Não há parques ou jardins, só uma pequena área de lazer, que deve ser agendada para uso. Não há bancos para se sentar, nem lugar para sair. Para ir a shopping, mercado, farmácia só de carro! Mas as pessoas que moram aqui são felizes, sentem que realizaram um sonho... Que bom! Eu é que tenho essa estranha necessidade de ver gente, de caminhar, de mais espaço... De ver o que tem além dos muros...



Marion Vaz

sábado, 7 de março de 2015

Vai "intender..."


Resultado de imagem para entrevista de trabalho



Imagem da google.com/


Interessante esse jeito de falar que a gente adota e nem se importa se alguém vai notar. Acordei cedo pra procurar emprego, mas quando estava tomando café liguei a TV pra saber o que estava acontecendo no país, se o trânsito na Avenida Brasil estava lento e enquanto passeava de canal em canal, resolvi ouvir o que o presidente da república (na época) estava falando naquele programa. 

Logo me interessei sobre o assunto. Dizia o presidente que a taxa de desemprego estava caindo, pois havia “imprego” em várias áreas. Caí na gargalhada!
- Tá brincando? Falei com os botões do controle remoto. E os disparates não pararam por aí. 

A jovem que entrevistava declarou no seu microfone:
- Nessa “intrevista” queria que o senhor falasse sobre o que o governo está fazendo para ajudar os jovens... blá-blá-blá pra lá, blá-blá-blá pra cá tive que sair de casa.

Já na rua, com fome, resolvi comer um cachorro quente.
- Compreto tia? Perguntou o rapaz da carrocinha.
- Compreto! Respondi. E eu ia lá criar uma discussão por causa de um “L”? De jeito nenhum! Até aí tudo bem, quem nunca trocou as letras ou atropelou uma regra de Português? Se tivesse que me aborrecer seria pelo "tia".

Cheguei ao local indicado e enfrentei aquela fila de pessoas que também aguardavam a vez. Sol quente, dor de cabeça, troca de sorrisos, alguns dos candidatos pareciam assustados, outros nervosos a ponto de deixar tudo o que estava nas mãos cair no chão, alguém no telefone dizendo que já era a décima entrevista naquela semana...

Olhei atentamente e me vi cercada de pessoas bem mais jovens que eu. Todo mundo com o mesmo estilo de roupa, alguns sem qualquer tipo de preocupação como se dissessem: Se não der certo, tudo bem... Amanhã é outro dia... Pensei: O que eu estou fazendo aqui?

Na hora de entrar aquela muvuca, fila de elevador, salinha apertada, mais tempo de espera como se o tempo não fosse importante. Na verdade reparei que o emprego mais promissor era aquele de “eu sou o intrevistador” como nos comunicou a pessoa com a prancheta (hoje eles usam um Tablet) na mão. Pensei: Jura? 

A primeira fala: As digníssimas Boas vindas com direito a travessão. Depois veio a exposição do trabalho, qualificações e tempo de serviço exigido, nesse não pedia experiência, blá-blá-blá aos montes e por fim a remuneração...  Que vergonha! 

Reparei que a cada explicação, um grupinho de dois ou três se levantava e saia do local. Não era bem aquilo que eles estavam querendo! Olhei para os lados e pensei: a concorrência diminuiu. 

Alguém ao meu lado falou baixinho: Isso é muito "isquisito"! Concordo!

Outro período de espera e finalmente chega um funcionário trazendo as provas seletivas. Logo de início uma redação, 15 linhas com a seguinte informação: sem erros ortográficos, sem rasuras. Título: Quem é você? Juro que eu fiquei um tempo pensando, pensando, no que iria escrever! Olhei para os lados e parecia que todo mundo tinha o mesmo problema, como falar de si mesmo para alguém que vai pagar o seu salário?

Resumo: Dor nas costas, cadeira dura, estressada com toda aquela “burocracia necessária” (?) Então escrevi algumas linhas e entreguei as provas.  No início da página tinha uma linha para se colocar o nome e a idade do candidato (parte chata e era aí que a coisa pegava, porque já tinha passado dos quarenta).

Mais tempo de espera e finalmente uma terceira pessoa chegou e anunciou os nomes de quem continuaria no processo seletivo. Àqueles que não fossem citados deveriam sair com um sorriso e uma declaração de: - Boa Sorte da próxima vez! – Voz mais chata! Novidade! Peguei minha bolsa linda, sorri e fui embora!

Chocada! Não! De jeito nenhum!  

Centro da cidade, gente andando de um lado para outro, cada um com seu “mundinho” e eu lá, no salto, andando em plena Rio Branco como se nada, absolutamente nada me atingisse. Até que... Cansada de tantos  “nãos” decidi parar de correr atrás de emprego, entrevistas que não me levariam a lugar algum e sinceramente: Odeio perder tempo!

Você deve estar pensando: Desiste não! Lute! Você vai vencer! Conquiste seu lugar ao sol! A vida é assim mesmo! Não desista dos teus sonhos! Isso parece até letra de uma música...

Eu respondo:  Vai "intender" o mundo que nos cerca.
 

Marion Vaz