segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Os Dez Mandamentos e sua magia



A novela Os Dez Mandamentos, produzida pela rede Record de Televisão, finalmente chegou ao fim. Se é que podemos chamar aquele último capítulo de The End. Afinal depois de fazer tanto sucesso entre os telespectadores, os produtores resolveram dar continuidade a História do povo de Israel... Só que no próximo ano.

Até aí nada. No entanto, como pude comprovar assistindo alguns dos belos episódios, houve certa “ironia” do autor ao deixar escapar sua “preferência” e durante o enredo algumas adaptações foram feitas com base no nosso contexto social: Muito sentimentalismo da parte dos hebreus para com seus opressores, casamentos mistos, antipatia de uns versus comoção de outros, indicando até que havia arrependimento entre o povo hebreu em relação às perdas dos egípcios em virtude das pragas, destruição e mortes. No ponto alto da tragédia, hebreias levaram alimento para as patroas egípcias depois de uma das pragas. Muito típico do ponto de vista humano, mas completamente fora do padrão bíblico das dez pragas que foram programadas por Deus naquela época, para a destruição do Egito.

O personagem do próprio Moisés, líder indicado por Deus para tirar o povo de Israel do Egito, passava o dia lamentando a tragédia de seus, conforme mostrou a novela, meios-irmãos. Faça-me o favor... Só faltou pedir desculpas a Faraó por todo incômodo que Deus causou! 


Enquanto que algumas cenas foram fieis ao relato bíblico, a produção se dedicou em mostrar talento e riqueza de detalhes. E personagens que vão ficar para sempre na nossa memória. Aplausos ao Simut!

Assim, fugindo em parte do relato bíblico, as cenas se alternavam entre o acampamento hebreu e a vida no palácio. O “jeitinho brasileiro” esteve presente em várias cenas e isso ninguém pode negar e dramas que se alongaram tanto que dava até sono. Enfim, quem manda é quem paga as contas... Faltou um pouco de bom senso do autor, quando os primogênitos do Egito se refugiaram na terra de Gozén para evitarem o anjo da morte...  Então qual seria o significado das dez praga?

O que me incomodou mesmo foi a finalização da temporada. Como a novela se chamava Os Dez Mandamentos, todos nós esperávamos ansiosos por um desfecho mais original.  Quem sabe uma gravação no Monte Sinai, de Moisés recebendo as Tábuas da Lei, a visão da Terra Prometida, a renovação das promessas de Deus. Afinal, a novela passou o tempo todo mostrando o povo crendo em Deus, esperando um milagre, ansiosos pela liberdade... 



Mas Não. Seguindo o desenrolar da história bíblica, fizeram a encenação do Bezerro de ouro (Ex 32). Moisés descendo do monte encontrando o povo festejando, e as Tábuas dos Dez Mandamentos se quebrando em milhões de pedaços e praticamente virando pó diante dos olhos dos telespectadores.

Tudo bem que a história é verídica e foi relatada na Torah. Mas precisava terminar a novela assim? Sinceramente, eu teria feito melhor! Então vamos às críticas:

1 - Por causa da audiência, deixaram aquele ponto de interrogação no ar, como se as pessoas que seguiram cada capítulo da novela se congelassem e ficassem assim até que as próximas gravações fossem exibidas.

2 – As Tábuas da Lei se espatifando no chão daquele jeito transmitiram a ideia de que não há razão para se acreditar nos Mitzvot – nos Mandamentos de Deus. A razão da novela se chamar os Dez Mandamentos e todos aqueles capítulos convidando o povo a ter fé em Deus deveriam ser para manter a fidelidade nos escritos sagrados. Mas ao virar pó se perdeu por completo. Ao dar continuidade daqui a três meses só vai favorecer os patrocinadores, que no caso, marcaram forte presença com seus inúmeros anúncios nos intervalos dos capítulos. O que nos leva acreditar que marketing e comércio é o “fim para todas as coisas”.

3 – Sabemos que o povo de Israel, ao sair do Egito, não entrou logo na Terra Prometida - Eretz Israel – Houve sim um período de 40 anos no deserto, para reestruturar a nação, tanto no sentido espiritual quanto social. A trajetória no deserto serviu de alicerce para a restauração do povo perante o Eterno. Uma fase indispensável e planejada pelo próprio Deus que os livrou da vida de cativeiro no Egito. Não tem o que se criticar ou ponderar. Eu resumo aqueles 40 anos na seguinte frase: Deus precisava de um tempo a sós com o seu povo.

O que me irrita é ver que tal episódio passou a ser visto como castigo. E daí por diante, as experiências do povo e seu relacionamento com Deus, gerou uma série de pseudo tratados teológicos. Para completar, ao mostrar o episódio do bezerro de ouro e aquela súbita interrupção, caiu-se de novo no velho erro da troca de valores e da omissão do contexto bíblico sócio religioso que o povo de Israel estava vivenciando. Novamente observamos que a falta de informação pode prejudicar a opinião das pessoas em relação ao povo judeu, criando até um sentimento de aversão ao israelismo.

Teria sido mais prudente terminar a novela com a entrega dos Dez Mandamentos, reafirmando as promessas de Deus para Israel, mostrando que existe sim uma ligação espiritual, com base nos textos bíblicos do povo judaico com aquele território. Esquivando-se deste propósito para não se comprometer perante a opinião pública, já que existem controvérsias a respeito do assunto e sérias aversões contra Israel e favorecimento do povo palestino, desmereceu toda a produção da novela.

Mesmo que não tenha sido este o motivo para tal desfecho e sim privilegiar os rendimentos e manter a curiosidade dos telespectadores para a próxima produção, ainda assim, a magia dos Dez Mandamentos se quebrou com o estalar de uma varinha mágica naquela única palavra: Continua...



Marion Vaz




domingo, 8 de novembro de 2015

Soterrados pela Lama






Rompimento da barragem de Fundão, em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (Foto: Luis Eduardo Franco/TV Globo)








Parece difícil de acreditar, mas é verdade. Depois de um rompimentos de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco, uma enxurrada de lama desceu e inundou várias casas do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. 

A cena é de desolação e desespero. As famílias que perderam tudo estão esperando ajuda da população. A palavra do diretor-presidente da empresa de mineração foi: "lamentamos profundamente e estamos muito consternados com o acontecido..."



Mas será que este desastre não poderia ter sido previsto? Observe as imagens abaixo.  O que eu não entendo é por que temos que contar com a sorte? Com o acaso? 











Visite o link e conheça a cidade de Mariana/MG



O Retrato do País




A divulgação de 332 vagas de emprego temporário levou cerca de 9 mil pessoas as ruas. A fila de desempregados era longa. Pessoas de todas as idades, com formação diferenciada se dispuseram a ficar em pé numa espera pelo cadastro oferecido pela Degase no Rio de Janeiro. Esta foi a primeira fase: A inscrição.

Mas o processo de seleção tem outras etapas, como a análise de currículo, experiência e entrevistas para os diversos cargos. Os salários oferecidos variam de 2 a 3 mil reais para a contratação temporária de 2 anos.  

Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a taxa de desempregados atingiu cerca de 8.8 milhões de pessoas. A reportagem feita por um canal de televisão, mostrou a maneira como os brasileiros tem enfrentado o problema. Um dos candidatos desabafou para o repórter afirmando que a longa fila que se estendeu pelas ruas mostra o retrato do país. 


Em minha opinião, devido a modernidade da nossa tecnologia (risos) tal inscrição poderia simplesmente ter sido feito pela Internet evitando tanto desgaste físico e emocional dos candidatos. E essa não foi a primeira vez que isso aconteceu. Acredito que o termo "fila" se tornou parte do nosso lema de progresso. 

Até parece que as empresas gostam de ver, de perto, a "cara" dos brasileiros... O rosto cansado e estressado de uma pessoa que, depois de tantas horas de espera, mal consegue pronunciar o próprio nome. 

Mas quero parabenizar àqueles, que de certa forma, enfrentaram tal fila com otimismo e perseverança acreditando num futuro melhor para suas famílias.



domingo, 1 de novembro de 2015

Quem vem andando sobre as águas do mar?


    
Kineret  - Mar da Galileia   

      Esta é uma das passagens bíblicas mais comentadas. O poder de Deus e sua autoridade sobre as forças da Natureza, principalmente em relação a nossa limitação humana, aparecem até mesmo nos filmes de Hollywood e produtores famosos como Steven Spielberg. Enfim, mas lá na Galileia (Mt 14.22-33), quando os discípulos lutavam para controlar a embarcação, de repente viram algo andando sobre as águas. Alguém gritou dizendo que era um fantasma, porque provavelmente nunca tinham visto algo parecido.         

      Na quarta vigília da noite, que comentaristas e teólogos afirmam ser entre três horas da madrugada e o amanhecer, os discípulos lutavam contra a força do vento. O Mestre, olhando de longe decidiu ir ao encontro deles e ouvindo os gritos de medo confortou-os afirmando que era Ele mesmo que andava sobre as águas. Pedro queria ter sua própria experiência e pediu permissão para ir até ele. Uma lição espiritual tremenda nessa parte do versículo – Pedro deixa um lugar aparentemente seguro para seguir até Jesus andando sobre as águas do mar!           

      Mas nós... Que estamos tão obcecados pela ideia de segurança, controle, estabilidade, que a nossa geração não se dispõe a sair da “zona de conforto” nem mesmo para estar mais perto de Deus, parece algo ilógico!. Existe mesmo essa diferença em relação às  gerações anteriores que saiam pelo mundo pregando a Palavra, às vezes sem qualquer tipo de remuneração. Hoje, para pregar em algum congresso, festividade, a pessoa exige transporte, estadia em hotel, retorno financeiro e a venda de material elaborado. Não que isso seja de todo errado, mas olhando tanto para o texto bíblico quanto para o passado, podemos afirmar que essa nova maneira de exercer a fé está cada vez mais “fácil”.

      Mas voltando ao texto, Pedro toma uma decisão arriscada. Andar sobre as águas não era para qualquer um. E ele logo percebeu isso ao sentir o vento forte no rosto, então teve medo e começou a afundar. Mas observe que ao pedir permissão, Jesus responde: Vem (vs 29). Não houve da parte do Mestre qualquer empecilho ao pedido de Pedro. O texto nos oferece outra lição espiritual: Deus não limita nossas atitudes quando se trata de maior relacionamento com Ele. Os demais discípulos que estavam no barco  poderiam achar que Pedro se precipitou, que sua atitude foi inconsequente. Mas ele queria estar mais perto de Jesus naquele momento de turbulência.

       No mundo de hoje, todos querem ter experiências profundas com Deus, maior comunhão, fortalecer a fé...  Mas quantos de nós tem se arriscado como Pedro fez?  Queremos que o Senhor venha ao nosso encontro, clamamos por respostas, por intervenção divina, parece que estamos no barco junto com os demais discípulos esperando que Jesus se aproxime de nós.


Passeio de barco no Mar da Galileia

          Com esse comentário não estou dizendo que você deva se desfazer de algum bem material, dar ofertas acima da sua capacidade financeira ou fazer “promessas de tolo” para se aproximar mais de Deus. Muita gente se deixa iludir por pregações, depoimentos de pessoas e outros tipos de manipulação e acaba ofertando mais do que pode. Não. O texto também não quer induzir o leitor a se aventurar a andar (literalmente) no mar.

      Esta aproximação de Deus pode ser através da oração e da leitura da Palavra. Maior comunhão e relacionamento profundo com o Senhor é algo que tem que ser trabalhado nos corações, no dia a dia, com fé e disposição de servir a Deus.




Yigal Allon Museum - Galil