terça-feira, 28 de novembro de 2017

Superar a si mesmo

Imagem relacionada

Superar uma fase ruim nem sempre é fácil, depende muito da própria pessoa, da sua autoestima, da ajuda externa, da gravidade do problema e também da vontade que existe dentro de cada um de nós. É muito fácil criticar alguém que, não vendo saída para algum problema ou doença, fica lá sentado no sofá ou deitado numa cama, esperando o tempo passar.

E também é muito comum que, à medida que o tempo passa, a pessoa fique irritada, desconfortável com aquela situação, desmotivada e completamente alheia até mesmo a alguma atitude de bondade que outros possam ter por vê-la naquela situação. Para alguns é, talvez, até uma humilhação depender de alguém para as tarefas mais básicas da vida. Talvez, toda irritação e mau humor acarretem mais problemas do que a doença em si. Acontece.

Se você já passou por algo parecido sabe que nem sempre é fácil ficar ouvindo palavras de ânimo ou experiências de A ou B que nos momentos mais difíceis, tiraram forças do nada e venceram suas dificuldades. Sabe aquele blá blá blá sem fim? Pois é. Ainda mais se você não pediu e não quer receber visitas. É uma droga mesmo!

Mas o problema todo se agrava quando a pessoa mal-humorada passa a querer ser o centro das atenções, a achar que todo mundo tem que ter paciência porque ela tá "assim ou assado" como diz a gíria. Que toda a sua falta de educação tem que ser ignorada e que ela, "coitadinha" não tá naquela situação porque quer... 

Acidentes acontecem... Quem está livre das agruras da vida? Quem pode evitar as adversidades? Ninguém! Concordo! 

Mas, pode ser que os efeitos colaterais de uma reação em cadeia não tenham chegado ao fim... O nosso maior erro é achar que "amanhã tudo vai melhorar" independente do que fazemos hoje. e assim, no decorrer da vida trocamos afagos com uns e ignoramos outros. Somos otimistas em alguns assuntos e praticamente desprezamos outros. Até que...

"Não fará justiça o Juiz de toda a Terra?" Indagou Abraão ao interceder a Deus pelos justos que ele julgava ter em Sodoma e Gomorra. Parei para pensar sobre isso hoje. Nessa quantidade de expectativa que a gente coloca em Deus e no próximo.

Acreditamos que à medida que alguém é submetido as amarguras da vida que a pessoa vai redefinir as suas prioridades, vai desatar as dúzias de nós que prejudicaram outros, que diante da fragilidade da vida humana vai reconsiderar e até mesmo mudar a maneira como trata as pessoas... Mas nem sempre isso acontece. 

Superar a si mesmo neste sentido requer mais esforço do que recuperar as funções psíquicas, motoras ou sensitivas. Requer readaptação ao novo ambiente que hora se mostra favorável quando o antigo é apenas uma fuga da realidade. É uma renovação de mente, alma e espírito quando o corpo está fragilizado. 

Mas este tipo de superação não é obtido por intervenção externa, conselhos, orações de um mediador. Acontece de dentro para fora, como uma transformação ativada pelo desejo pessoal de quem realmente quer algo melhor para sua vida. O "dane-se todo mundo" dá lugar ao novo "eu" que pretende perdoar, amar, dar continuidade a família, seu bem maior. No caso, se isolar não é a melhor solução.

Superar a si mesmo não porque alguém insinuou que a pessoa está sufocando seus familiares, que seu mau humor está afastando as pessoas, que seu desagrado é desnecessário e está roubando a paz e o sorriso daqueles que estão ao seu lado. 

Mas porque de alguma forma, todo aquele infortúnio afetou sua vida consideravelmente a ponto da pessoa precisar viver mais e plenamente.  E isso só é possível quando nos desprendemos do passado, não das pessoas! 

Mas como disse no início, nem sempre é fácil 


Marion Vaz

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Projeto Social Josué

Resultado de imagem para vassoura tinta e pincel

Tem coisas na vida que parece uma caixinha de surpresa em que você tem que adivinhar se são boas ou ruins. Mas a nossa mente tem essa capacidade de fazer escolhas, de pensar, de opinar, de estabelecer prioridades. O Projeto Josué, Calebe, Paulo, Natanael, são ideias que surgem em determinadas igrejas para justificar o comportamento do crente em relação ao próximo. Assim, se você vestir uma camisa e sair por ai ajudando alguém... Você está dentro! 

Não como aquela campanha "Criança Esperança" que arrecada milhões de reais para ajudar os projetos em curso ou implementar outros. Porque aqui ninguem investe dinheiro só trabalho. Caridade à parte, quem sai realmente ganhando? O que está por trás de todos os sorrisos e pedidos de ajuda? 

Com base em textos bíblicos as igrejas vem colocando nas ruas em determinados períodos do ano, um grupo de crentes dispostos até a varrer calçadas e limpar as casas dos outros para mostrar o amor ao próximo ou que fazemos parte da Comunidade. Um projeto social, sem dúvida. Um projeto que ajuda muita gente e sensibiliza os necessitados. Mas será que se quer visibilidade com isso? 

Talvez isso não conte muito para a massa de classe média baixa que compõe a maior parte dos selecionados, que encara o projeto como um desafio, um trabalho social, um cumprimento do Ide de Jesus. E com certeza tem um retorno tanto no sentido espiritual quanto material, pois existe muita gente carente de uma ajuda braçal. 

Mas sinceramente, no último vídeo via redes sociais, achei um discurso desapropriado do organizador do programa desafiar o Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, mostrando que tinha deixado sua residência para pintar um muro. Parecia mesmo uma alusão a propaganda política do tipo: "Você não fez então estou fazendo'. Não foi de bom tom a menos que se queria mesmo ter visibilidade nacional, contrariando o discurso de Jesus: "Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita' (Mt 6.3) -  E que isso não sirva de anedota sobre partidos políticos (risos).

Caso venha a acontecer, seremos testemunha de mais bate boca através do Twitter, programas de televisão e vídeos no Youtube. O que também não vai ser nada agradável de se ver. E que na minha humilde opinião descaracteriza o trabalho de "Bom Samaritano". 

Rendimentos à parte, fica aqui um aplauso àqueles que prontamente se identificaram com o Projeto e "lançaram mão ao arado". E também uma dica: Não adianta fazer bonito lá fora se dentro da própria casa não se tem compromisso. Então, dê uma boa olhada em volta pra saber no que realmente está investindo.

Marion Vaz


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

O Elo Partido



Ao contrário do que muita gente pensa é simples romper o elo que liga as pessoas. Se por um lado requer paciência e tempo, por outro ponto de vista pode ser em segundos. Pode ser que com apenas uma frase você coloque uma ideia na cabeça de alguém e aquilo vai se tornando verdade ao longo dos anos. Principalmente se essa pessoa tem certa influência na vida de familiares e amigos. E como a palavra dele é lei, aceita-se como ideal e lógico. foi assim que meu relacionamento terminou antes mesmo de começar. E agora que o elo se partiu não há mais razão para não falar sobre isso.

Parece bom quando se tem um amigo, um confidente, um irmão mais chegado, pra quem podemos contar todos os nossos sentimentos, emoções e sonhos. Parece bom ter aquele ombro amigo que vai estar sempre a disposição quando se precisa. Parece bom mesmo ter alguém que nos dê todas as respostas, que faça escolhas e nos diga sem exitar o que devemos fazer e pensar, seja em questões profissionais, amorosas ou até religiosas. Mas é muito ruim quando essa influência chega ao ponto de determinar com quem você deve ficar ou não. Se a pessoa que se apaixonou por você serve ou se "ela não é para o teu bico"! - Quer apostar? Foi a resposta imediata! Uma brincadeira boba que praticamente determinou o resto de nossas vidas.

E aí começa a história em que você vira um joguete ou o resultado de uma aposta. Tudo bem. Sentimentalismo à parte, o vencedor levou o premio. Mas o relacionamento não durou muito porque a regra geral dizia e repetia, não sei se na mente ou no coração, "ela não é para o teu bico"... Afinal... Quem afirmava era o mentor, aquele que estava ao lado o tempo todo.

Enfim... Pequenas atitudes ao longo dos anos afastaram as pessoas, os filhos, os amigos. Erros foram cometidos e perdeu-se parte da vida por não querer se envolver o suficiente para que a palavra final do mentor prevalecesse. Não que a culpa fosse de uma única pessoa, porque houve outras intervenções  também. E independente das lágrimas, do sentimento de rejeição, dos problemas financeiros e emocionais a outra parte sobreviveu. 

Mas a razão desse texto não se resume em contar uma história triste e sim falar de perdão. Ignorando a opinião das massas, a outra parte tenta se reestruturar, elabora sonhos, sobrevive e se mantem digna de respeito e admiração. Porque a vida passou e um milhão de coisas aconteceram e não há como voltar no tempo, nem para reparar danos ou convencer de que podia ter sido de outro jeito.

A vida é assim, uma corrida louca contra o relógio que insiste em seu tic tac como o ritmo do coração... Coração que num dado momento deixou de bater. Sem aviso. Sem piedade. E o que dói mais além da separação é essa angústia de ter esperado tanto tempo como na história do Titanic. Não ter tido coragem de esclarecer as coisas e você se foi sem aquela conversa franca sobre o que pudesse estar certo ou errado. Talvez lá no fundo do seu coração você já soubesse disso... Talvez tenha me dito isso naquele último sorriso. Mas infelizmente não se retratou... E então as coisas vão continuar como estão...

Mas fica aqui uma palavra de perdão. Mesmo porque talvez a ideia fosse proteger as partes ou quem sabe até fazer disso um elogio... Talvez não fosse enaltecer um e minar a confiança do outro. E como não se pode mudar o passado, seguimos em frente tentando reparar os danos, diminuir a distância, entrelaçar vidas que passaram tantos anos afastadas. Estendendo as mãos a quem precisa e ajudando alguém a se reerguer.

E nesse corre corre em busca da felicidade podemos esquecer uma ofensa e perdoar. Descansa em paz.


Atualizado em 20/11/2017: Acabei de saber que há dois meses atrás você disse pra alguém que eu teria sido a escolha certa. Então vou considerar isso uma retratação. Descansa em paz amigo.

Marion Vaz